aproximas-te ?

aproximas-te,
cais de joelhos no chão inebriado pelas roupas que despimos.
seduzes-me, lambuzo-te, provocas-me, envolvo-te,
como delicada porcelana pintada com malícia.
aproximas-te,
bebes da minha taça e derramas os teus licores p'lo meu corpo.
aproximas-te,
e num gesto banhado a mel romano rompemos a inércia do tempo.
aproximas-te,
e abraçados deixamos repousar as taças.
aproximas-te,
deixamos o luar imprimir novas sombras na tua pele,
em contínua pulsação, ansiosa. aproximas-te?

requintes

vamos beber exuberância, vamos dar tréguas
naveguemos a barca da maldade, com tesão,
por este irado rio de prazer galgando margens

vamos beber tinto. porque queres, porque tens sede.
não há tempo não há relógios nem rúbricas rápidas
apenas a demorada caligrafia rubi do nosso orgasmo

há muitas luas...

o luar era o nosso palco e crer no seu brilho paria actos loucos.

hoje...
pernoito em palcos sujos e a lua é de papel ordinário.
os dias correm áridos como os versos que não te dedico,
e apesar de tudo: a euforia da tua presença vai ardendo,
em altíssimas labaredas regadas pela tua seiva.