nenhum olhar

espreito pela janela. creio que nenhum olhar, nenhum olhar pode ser tão lúcido como este. sente-se o pulsar das artérias e a vida nos objectos.
penso se algum dia serei o carbono de uma folha igual à que a árvore deixou cair.
passou um segundo apenas, e toda a via láctea se estendeu no telhado em frente para minha requintada contemplação. e nenhum olhar, nenhum olhar durou tantos anos.
no outro segundo abandono a janela, e é apenas mais um dia.

1 comentário:

Anónimo disse...

É a intensidade do viver o momento, do sentir que se prolonga por cada célula como num choque em cadeia, entramos em transe...o corpo dispersa-se em mil partículas, abarca o universo para de novo se reunir em si próprio...tudo é então claro, iludidos por uma qualquer divindade que nos mostra a razão sem noção do viver...tudo se torna estonteantemente óbvio...