Contra*Tempo

Se quisesses, os ponteiros seriam uma animação suspensa e dobrariamos o espaço-tempo por mais um beijo, ou uma dezena de palavras vincadas de saudade.

Se quisesses, desapareceriam da minha pele os vincos de saudade que não se disfarçam com roupa engomada, como num paradoxo teórico de quem volta ao passado. Mas há sempre uma hora exacta, um segundo em que se ouve o mecanismo que dá vida ao ponteiro gritar metalicamente disciplinado: o tempo acabou.

Acordo de um Déjà Vu de inquietação adolescente, agora sereno, pensando: talvez um dia saibas que te olho ingénua e carinhosamente, como olho o mar. Talvez um dia queiras, e eu me tenha cansado de contar tempo.

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