01:59

Uma hora francamente ridícula, digna de um relógio sem ponteiros. Uma e cinquenta e nove. A fonética é também ridícula. A fonética do fim. O nosso fim.
O relógio grita 01:59 como se a noite fosse eterna. Como se todo o tempo a partir de agora fosse eu a sentir o peso húmido do lençol e a ausência do teu peso.
A tua ausência. Eu sozinho sempre a ler 01:59. A saudade do teu cheiro agridoce. A saudade que aos poucos me inflava de pedra e magma do vulcão que eramos nós.
A pedra que solidificou e me tornou pesado como um planeta. Eu ali deitado. Uma pedra. Eu, sempre a ler.

Uma e cinquenta e nove.

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